Lides domésticas

Nas minhas viagens diárias casa-trabalho/trabalho-casa de metro ou vou a dormir ou a ler. É muito raro ir simplesmente a olhar pela janela e ainda menos a prestar atenção às pessoas que me rodeiam.

Hoje porém ouvi uma conversa que me deixou estupefacta! Dizia uma amiga para a outra que ao domingo ia a casa dos pais (ela vivia com o namorado) e levava a roupa para a mãe passar a ferro e que depois ia buscá-la ao final do dia!

E que não tinha empregada em casa porque nem queria imaginar uma pessoa estranha a mexer nas coisas dela, se ainda fosse alguém da familia dela que lá fosse arrumar!

Ah? Como?

Viver com o namorado e usufruir da parte boa da independência óptimo mas fazer aquelas coisas mais chatas que ninguém gosta, vai-se à casa dos pais e despachado!

E com isto não quer dizer que não aceitemos ajudas, os meus pais também me ajudam e eu também moro sozinha, mas não deixo para eles fazerem aquilo que não quero ser eu a fazer.

A facilidade com que hoje em dia as pessoas resolvem tudo espanta-me! A forma como ela dizia tudo aquilo como se não fizessem mais que a obrigação deixou-me de boca aberta. Parece que tudo se consegue facilmente, não existem sacrifícios.

Tenho a minha casa e só no último ano é que começou a ficar como quero. Perco fins-de-semana a limpar, arrumar, perco tempo nas limpezas. Se me custa? Sim. Se preferia ter quem fizesse por mim enquanto eu ia passear? Preferia. Mas não posso e a verdade é que é para mim que o faço, é para o meu bem-estar.

É uma pequena parte do crescimento, faz parte do "ser adulta", há quem o consiga mais tarde, há quem nunca o consiga. Eu gosto de pensar que o consegui na altura certa e tenho orgulho do percurso que tenho feito. Com percalços? Sim, alguns, mas também fazem parte para que o final saiba ainda melhor.

Geri